Coleção Flanar
Livros: Fisiologia do Flâneur e Cinematógrafo, crônicas cariocas
![](https://editacuja.com.br/wp-content/uploads/2022/05/capas-1-1024x728.png)
“Oh! sim, as ruas têm alma! Há ruas honestas, ruas ambíguas, ruas sinistras, ruas nobres, delicadas, trágicas, depravadas, puras, infames, ruas sem história, ruas tão velhas que bastam para contar a evolução de uma cidade inteira, ruas guerreiras, revoltosas, medrosas, spleenéticas, snobs, ruas aristocráticas, ruas amorosas, ruas covardes, que ficam sem pinga de sangue…”
– João do Rio
O encontro de Louis Huart e João do Rio
A Fisiologia do Flâneur de Louis Huart, em tradução de Leila de Aguiar Costa, e o Cinematógrafo, crônicas cariocas, de João do Rio, imprimem-se em uma conversa literária sobre quem e como é o flâneur, sujeito da modernidade; e sobre um jornalismo-literário que se faz na e pela flânerie. Lançados lado a lado pela Editacuja, os dois volumes inauguram a Coleção Flanar, que pretende trazer à luz textos que nos inspirem a olhar, pensar e ocupar a cidade.
Em Fisiologia do Flâneur, Louis Huart, ao longo de 15 capítulos, nos oferece um manual de reconhecimento do flâneur, uma descrição minuciosa de seu comportamento, seu ambiente, e hábitos. Assim, Huart nos ensina a identificar um falso flâneur e oferece conselhos para flâneurs noviços. Um texto divertido, irônico e de grande sucesso, editado com ilustrações de importantes artistas de sua época ganha a tradução, inédita, de Leila de Aguiar Costa.
Em Cinematógrafo, as editoras selecionaram 20 crônicas das 45 que compõem o livro de João do Rio, publicado em 1909. Seus textos passeiam entre a reportagem, o testemunho e o literário, nos guiando pela belle époque carioca. E, para além dela, seu olhar – que tudo vê – nos leva através da cidade, das ruas, de seus personagens e seus temas. Mas, também, pelas nossas cidades, nossas ruas e personagens, e por temas tão nossos, que só reafirmam o olhar contemporâneo de João do Rio.
Louis Huart
Louis Huart (1813-1865) foi um jornalista, escritor e dramaturgo do século XIX francês. Publicou entre 1841-1842, sob o título de Fisiologias, estudos curtos e bem-humorados dos costumes de diversos grupos parisienses, entre eles Fisiologia do Flâneur. A invenção desse gênero literário, Fisiologias, foi atribuída a ele, e fez muito sucesso na metade do séc. XIX. A partir de 1835, foi expoente escritor para o Le Charivari, o principal diário satírico francês de oposição, onde se consolidou como escritor. Em 1894, Louis Huart dirigiu peças teatrais no Teatro Nacional Odéon, antes de fundar o Théâtre des Folies-Nouvelles, em 1855.
Leila de Aguiar Costa - Tradutora
Leila de Aguiar Costa possui mestrado em Letras (Língua e Literatura Francesa) pela Universidade de São Paulo (1990) e doutorado em Sciences du Langage – École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris-França(1997). Realizou três pós-doutorados: inicialmente, pela Universidade de Lisboa (subvenção Instituto Camões); em seguida, pelo Departamento de Letras Modernas da UNESP/Araraquara (subvenção CNPq); finalmente, pelo Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP (subvenção FAPESP), tendo suas pesquisas vinculadas ao Projeto Temático FAPESP Biblioteca Cicognara e a Constituição da Tradição Clássica, de iniciativa do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP, e coordenado seu “Núcleo Letras”. Sua atuação acadêmica se dá na área de Letras, com ênfase em Teoria Literária, Literatura Francesa e Literatura Comparada, envolvendo-se principalmente com os seguintes temas: gêneros romanesco e teatral, sistemas de representação literária e artística do Seiscentos ao Novecentos, relações entre Literatura e Outras Artes. Atualmente, é docente no Curso de Letras, na área de Estudos Literários, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). É igualmente docente credenciada do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de São Paulo. Desenvolve atualmente projeto de pesquisa sobre as poéticas da presença em Manoel de Barros e Yves Bonnefoy. Foi Bolsista Produtividade em Pesquisa do Fundo de Auxílio aos Docentes e Alunos (FADA) da UNIFESP. É ainda tradutora no Brasil de diversos autores franceses, com destaque para Stendhal, Balzac, Maupassant, Madame de La Fayette e Atiq Rahimi.
João do Rio
Paulo Barreto (1881-1921), conhecido pelo pseudônimo literário João do Rio, foi jornalista, cronista, contista, teatrólogo e imortalizado pela Academia Brasileira de Letras. Aos 16 anos, ingressou na imprensa, notabilizando-se como o primeiro jornalista brasileiro a ter o senso da reportagem moderna, entre as quais se tornaram célebres As religiões no Rio e o inquérito O momento literário. Usou vários pseudônimos, além de João do Rio, destacando-se: Claude, Caran d’Ache, Joe, José Antônio José. Como homem de letras, deixou obras de valor, sobretudo como cronista, criador da crônica social moderna.